sábado, 11 de junho de 2011

Quando o Carnaval Chegar


Quem me vê sempre parado,
Distante garante que eu não sei sambar...
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar

Eu tô só vendo, sabendo,
Sentindo, escutando e não posso falar...
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar

Eu vejo as pernas de louça
Da moça que passa e não posso pegar...
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar

Há quanto tempo desejo seu beijo
Molhado de maracujá...
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar

E quem me ofende, humilhando, pisando,
Pensando que eu vou aturar...
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar

E quem me vê apanhando da vida,
Duvida que eu vá revidar...
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar

Eu vejo a barra do dia surgindo,
Pedindo pra gente cantar...
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar

Eu tenho tanta alegria, adiada,
Abafada, quem dera gritar...
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar

Tô me guardando pra quando o carnaval chegar
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar...



Chico Buarque

sexta-feira, 10 de junho de 2011

- E o que você faz com as cartas que escreve?
- Guardo. A sete chaves. Um dia talvez possa
entregá-las pessoalmente.

(...)

- E… o que você diz nessas cartas? (...)
– Eu digo que estou disposto a qualquer coisa,
eu digo assim: "Chegue bem perto de mim. Me olhe,
me toque, me diga qualquer coisa. Ou não diga nada,
mas chegue mais perto. Não seja idiota, não deixe isso
se perder, virar poeira, virar nada. Daqui há pouco você
vai crescer e achar tudo isso ridículo. Antes que tudo se
perca, enquanto ainda posso dizer sim, por favor, chegue
mais perto"
- ... É tão complicado. Saio na rua e fico olhando todos os
meninos de vinte anos, como se cada um pudesse ser ele.